terça-feira, 11 de setembro de 2007















Mãe
Escrevo-lhe para dizer que ainda estou vivo e tenho muitas saudades.
Trabalho na frente de batalha a cavar trincheiras que ficam inundadas porque nasce agua.
Vejo tanta gente a morrer na terra de ninguém... É impossível passar por lá: é arame farpado, são buracos por causa das bombas, são corpos espalhados e para mais, se alguém consegue atravessar, estão as metralhadoras a varrer completamente os soldados. como vê não ando a brincar.
Hoje houve um ataque, isso já é frequente mas o mais perigoso é que foi com o gás venenoso que mata lentamente. Não temos máscaras mas nós arranjamos um pano embebido em urina.
Fiquei assustado quando cá cheguei e vi este armamento todo. Eu que só tinha dado três tiros na recruta encaro com isto tudo... São tanques, aviões, lança chamas, metralhadoras, gás venenoso etc.
O comer não presta, ando todo molhado até nos mudarmos de roupa que é raro. E uma coisa que me irrita são as doenças e os piolhos que são chatos e mordem.
É doloroso andar aqui. Muitos colegas meus já morreram. Nós não somos humanos, somos máquinas destruidoras.
E agora despeço-me porque está na hora de ir trabalhar naquela porcaria enlameada de que já estou farto. Mas tem de ser. Espero conseguir tornar a escrever
Adeus e não te preocupes
Fernando
Fernando Costa nº9Aluno do 9ºD


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Queridos pais
Estou a escrever-lhe esta carta para lhe dar notícias minhas e para lhe agradecer as chouriças que me mandou. Espero que esteja tudo bem de saúde aí na terra pois por cá as coisas não estão nada bem. Em primeiro lugar a guerra parece ser infinita, os ataques são precedidos e preparados por um bombardeamento incrível com obuses, explosivos, bombas incendiárias, gases asfixiantes e muito mais. Depois temos que cavar trincheiras que por vezes ficam inundadas ou enlameadas. As trincheiras têm normalmente 2,30 metros de profundidade e 2 metros de largura. Nos parapeitos das trincheiras colocamos sacos com areia para absorverem as balas e os estilhaços. Em trincheiras com esta profundidade não se consegue espreitar, por isso fazemos uma espécie de elevação no interior.
Só para vocês terem uma pequena ideia do que isto é, as nossas mascaras são compostas por algodões embebidos em urina para nos tentarmos proteger do gás venenoso que destroi os órgãos respiratórios
A higiene é de um nível muito baixo e as enfermeiras já têm medo de estar próximas de nós porque têm medo de serem contagiadas pelas doenças e pelos piolhos.
Isto é uma pequena demonstração da minha vida aqui, espero que por aí as coisas sejam bem melhores e bem mais felizes.
Um grande beijo para você minha mãe e um grande abraço para o meu pai e até um dia.

Mário

Marlene Ferreira, nº 17Aluna do 9ºD



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Queridos pais e irmãos,
Hoje deve ser o meu dia de aniversário. Deve ser, pois depois de dois anos fora de casa nesta guerra sem fim eu já não tenho a certeza de nada.
Isto aqui é totalmente diferente daquilo que eu imaginava da guerra. Nós todos pensávamos que iríamos vencer rapidamente os inimigos da nossa pátria mas foram falsas as nossas expectativas.
Tenho muitas saudades vossas e da vida que tinha, não muita boa, mas melhor da que agora tenho, pois aqui mal durmo. Os inimigos fazem ataques de surpresa, mas também há alturas em que nem nós nem eles atacamos...
Estou a escrever esta carta da capela que nós construímos na trincheira. Estamos a viver em valas com mais de 2 m de profundidade pois disseram que era mais difícil eles atacarem-nos, o que por vezes é verdade pois há cerca de 200 metros de "terra de ninguém" entre a nassa trincheira e a dos inimigos e também temos o arame farpado para nos proteger deles.
A comida é pouca. Só comemos sopa com legumes desidratados. Por vezes o que nos vale é a carne dos cavalos que morrem pois é a nossa única forma de comer carne.
Tenho esperanças em vencer os inimigos da nossa pátria mas já morreram muitos soldados meus amigos devido aos gases tóxico,e às granadas. No último ataque que fizemos fiquei muito ferido numa perna numa luta corpo a corpo.
Agora despeço-me com muitas saudades vossas e peço a Deus que isto acabe depressa.
Um abraço e muito carinho deste vosso filho que por sorte ainda esta vivo.
Mark Kurtzbeine





Dina Cláudia, nº 5; Márcia Ribeiro, nº 16alunas do 9º E




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Queridos Pais:
Escrevo esta carta para desejar um feliz aniversário ao pai; e espero que toda a gente se encontre de boa saúde.
Aqui as coisas não vão nada bem. A vida nas trincheiras é muito dura pois estamos sempre cobertos de lama até aos joelhos. Há colegas meus a morrerem devido à artilharia e ao gás asfixiante inimigo. Para agravar ainda mais a situação, temos a "companhia " dos ratos e temos o corpo coberto de piolhos. A juntar a tudo isto a comida é feita de legumes desidratados, complementada com carne dos cavalos que morrem. Nós próprios a tirámos e a juntamos à sopa que é bastante aguada. Entre nós designamo-la por "arame farpado".
Aqui no campo de batalha a morte está muito perto.
Nos parapeitos das trincheiras colocamos sacos de areia para determos os estilhaços de bombas, que nos podem cortar uma perna, um braço, a cabeça... É para determos as balas e os estilhaços.
Entre a nossa trincheira e a trincheira inimiga existe um terreno a que chamamos " terra de ninguém ". Este terreno está coberto com metros e metros de arame farpado. Ignoramos sempre quando vamos atacar e também não sabemos quando somos atacados.
O plano de ataque feito pelo comandante é nos sempre comunicado em cima da hora. Antes de atacarmos as posições inimigas bombardeamos fortemente a posição do inimigo, para causarmos o maior número de baixas possíveis e para causarmos estragos materiais. Este ataque dura vários dias. Depois, a nossa infantaria sai das trincheiras e assalta as trincheiras inimigas. O risco de morrermos acompanha-nos sempre que atacámos a posição inimiga, pois ao passarmos pela " terra de ninguém ", para além de tentarmos lutar contra as metralhadoras frrancesas, também temos de ultrapassar o arame farpado, os detritos de armamento, as crateras cheias de água e lama provocadas pelos bombardeamentos, e os corpos em decomposição, o que causa muitas baixas.
Quando somos atacados, escondemos- nos em abrigos profundos, para não sermos atingidos, e quando a infantaria inimiga avança é varrida pelas nossas metralhadoras.
Os ataques com gás asfixiante são terríveis, pois causam muitas baixas...
Enfim, queridos pais, não quero que pensem muito nisto que vos contei. Espero que continuem com muita saúde. Feliz aniversário pai. Um abraço para ti e para a mãe!
Deste filho que tanto vos adora:
Enrich
Edgar Barreira 9º E n.º6João Carvalho 9º E n.º 11
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